Segundo a ministra, o caso "não liga um alerta", mas reforça "uma vigilância permanente em relação a qualquer agravo de saĂșde". NĂsia Trindade lamentou a morte do bebĂȘ no ParanĂĄ.
"É uma doença prevenĂvel por vacina, então recomendamos fortemente a vacinação", orientou. "Estaremos acompanhando e trabalhando para evitar novos casos", completou a ministra, que participou, no Rio de Janeiro, de um encontro sobre o enfrentamento global de novas pandemias.O ParanĂĄ também investiga se a morte de um bebĂȘ de 3 meses, em Irati, no sudeste do estado, pode ser atribuĂda à coqueluche.
Até a primeira quinzena de junho, o estado tinha registrado 24 casos de coqueluche. Em todo o ano passado, foram 17. No Brasil, o Ășltimo pico epidĂȘmico aconteceu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. O paĂs e o mundo enfrentam aumento de casos.
Também conhecida como "tosse comprida", a coqueluche é uma doença infecciosa aguda respiratória altamente contagiosa. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotĂculas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Os principais sintomas são febre, mal-estar, coriza e tosse seca, às vezes, intensa.
"Na criança pequena é muito caracterĂstica com aquela respiração que é um guincho, uma falta de ar, um ruĂdo respiratório", explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.
O especialista conta que a doença atinge a todos, mas preocupa quando acomete crianças pequenas. "A coqueluche tem a sua gravidade focada quase que exclusivamente na criança pequena, no bebĂȘ no primeiro ano de vida. Justamente a idade em que ele ainda não completou o seu esquema vacinal."
Segundo Kfouri, no Brasil e no mundo, a doença costuma ter ondas de picos de prevalĂȘncia, que acontecem, geralmente, dentro de cinco a sete anos.
Dessa vez, o perĂodo ficou mais espaçado por causa da pandemia de covid-19, quando o distanciamento social e medidas de proteção, como o uso de mĂĄscaras, contribuĂram para que houvesse menos infecções.
Ele detalha que o surgimento de ondas acontece porque a infecção e a vacinação não causam uma imunidade duradoura, fazendo com que, de tempos em tempos, haja mais pessoas suscetĂveis à infecção.
O infectologista acrescenta como motivos do aumento recente no nĂșmero de casos a cobertura vacinal infantil não ideal e mutações na cepa da bactéria Bordetella pertussis, causadora da doença.
As vacinas contra coqueluche integram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da SaĂșde. Além de bebĂȘs, gestantes e puérperas (mulher no perĂodo de seis a oito semanas após o parto) podem receber a vacina.
O esquema vacinal primĂĄrio nos bebĂȘs é composto por trĂȘs doses, aos 2, 4 e 6 meses, com a vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b.
As doses de reforço com a vacina DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), conhecida como trĂplice bacteriana, são aplicadas com 15 meses e 4 anos.
Renato Kfouri destaca que a vacinação da gestante e do bebĂȘ é a melhor forma de proteção.
"Duas estratégias tĂȘm sido desenvolvidas para controlar coqueluche na criança pequena. Vacinar a gestante, porque ela transfere os anticorpos para o bebĂȘ e o protege, especialmente, no primeiro semestre de vida. E vacinar a criança aos 2, 4 e 6 meses, sem atraso. A partir de 6 meses de vida, o bebĂȘ fica protegido com a sua própria vacinação", explica.
Fonte: AgĂȘncia Brasil